sexta-feira, 3 de julho de 2020

Com auxílio, FGTS e recuperação de alguns setores, economia do CE deve ganhar tração no 2º semestre

O avanço da reabertura gradual das atividades econômicas combinado à liberação de benefícios como o saque emergencial do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e mais duas parcelas do auxílio emergencial do Governo Federal devem conduzir a economia cearense a um patamar bem menos nebuloso no segundo semestre deste ano, em relação à primeira metade de 2020.

O conselheiro do Conselho Federal de Economia (Cofecon) e PhD em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, Lauro Chaves, explica que o Ceará historicamente lida com uma baixa renda per capita. Por esta razão, o impacto desses benefícios é fortemente sentido no Estado e é o que deve levar o Produto Interno Bruto (PIB) cearense a apresentar uma queda menor em 2020 ante a média nacional. "Como nós temos no Ceará uma desigualdade muito grave, tanto o auxílio emergencial como os saques do FGTS representam uma recomposição quase integral. Para muitas famílias em vulnerabilidade, o recurso é mais do que a renda que eles tinham antes da pandemia. Isso ameniza muito a queda da economia cearense", diz.

Para ele, esses benefícios do Governo Federal se unem a iniciativas no âmbito estadual e municipal. "O auxílio emergencial e a liberação de auxílios como nas contas de energia elétrica e o fornecimento de gás de cozinha para a população, por exemplo, somados, fazem com que uma das parcelas mais vulneráveis da população cearense obtenham essa recomposição de renda".

Entretanto, ele pontua que na comparação com o segundo semestre de 2019, a queda da economia será drástica. "Se compararmos o segundo semestre deste ano com igual período de 2019, teremos uma queda dramática", destaca Lauro Chaves.

O economista e consultor empresarial José Maria Porto também acredita em uma economia mais pujante no segundo semestre na comparação com o primeiro, ancorada também nos efeitos dos benefícios sociais e em decisões como o plano de medidas tributárias para ajudar as empresas cearenses afetadas pela crise. "Estamos na segunda fase da reabertura econômica e acredito que caminharemos para a terceira fase. O comércio está retomando a sua atividade e havia uma demanda reprimida. O cearense é um povo sociável, então a dinâmica naturalmente vai retomando".

Ele lembra, entretanto, que o Estado possui forte vocação turística e que essa atividade foi uma das mais afetadas, mas revela otimismo em relação à estratégia de fortalecimento do turismo doméstico como alternativa para o setor. "Ainda não teremos aquele fluxo na rede hoteleira, mas deve haver uma demanda local", avalia Porto. O economista frisa ainda que a transposição do Rio São Francisco deve conferir um fôlego à agropecuária, que deve ganhar uma nova dinâmica no Estado. "Acho que a gente já pode começar a ter um reflexo da transposição", diz.

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